O designer sueco Marc Strömberg, de 22 anos, editou o terceiro exemplar do fanzine Tare Lugnt na própria perna. A intenção não é, evidentemente, ornamental, mas fazer do corpo um caderno ambulante.O fenômeno da morfologia corporal é recente, mas em evidência até num Brasil terceiro mercado mundial da tatuagem. O primeiro, EUA, tem 15 mil estúdios e 15% da população tatuada (National Geographic).
O fenômeno não vê fronteiras e motivos. A americana Kari Smith, de 30 anos, leiloou a testa para um site canadense. Sua compatriota Mary Wohlford, de 80, gravou no peito “do not resuscitate", para que os médicos não a reanimassem em caso de um ataque cardíaco.
Estúdios do Brasil estimam que a tatuagem verbal só se tornou rotineira nestes cinco anos e 3% dos clientes tatua nomes, juras, letras de música, às vezes frases inteiras. Não mais, que o gênero sofre de “limitação do suporte": não há lugar no corpo para uma gramática de frases longas.A tatuagem já sinalizou a reação do sujeito a um sistema marginalizador (o corpo última propriedade de quem não tem). Hoje, sugere que o tatuado é gestor de si mesmo. Ele intuiria no corpo um signo, uma convenção arbitrária. Como a foto está para o objeto e a pegada para o pé, a tatuagem ocuparia o lugar de algo que não se articularia de outro modo. Admitir isso é ver o corpo pertencente à ordem da imaginação, não do físico.
Como os magros que, anorexos, se acham gordos e vice-versa, se vice-versa houver.



A expressão é de Jorge Luis Borges. Traduz a crença de que toda concisão é sempre uma virtude, ao que se toma por conciso “quem se demora em dez frases breves e não quem maneje bem uma frase longa”, escreveu ele em Discussão (Bertrand Brasil, 1994: 15). É ter em vista “não a eficácia de uma página, mas as habilidades aparentes do escritor”.

