Bráulio Tavares, crítico, compositor e colunista de Língua, me mandou uma série de textos de sua coluna em jornais nordestinos. Destaco o trecho de um, a meu ver a síntese perfeita do que podemos considerar a elefantíase do discurso acadêmico, que contamina até bilhetinhos e e-mails universitários (e não só).
"Recebi um convite para um evento cuja justificativa dizia:
'O objetivo precípuo deste conclave é questionar o fazer literário, dissecar seus processos, balizar seu desenvolvimento e estabelecer metas para a construção de um discurso literário brasileiro nesta época de diluição globalizada e de hegemonia dos discursos popularescos e dos gêneros comerciais'.
Pensei:
'O cara escreve assim para mostrar que domina a linguagem'.
Depois pensei:
'O cara capaz de escrever assim a sério provavelmente só consegue escrever assim. Ele não domina a linguagem. Ele aprendeu a duras penas uma linguagem – chamemo-la burocratês ou academês – e no final deixou-se dominar por ela, a ponto de ser-lhe impossível utilizar outra'”.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
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