quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Trapalhadas tipográficas

Sei que é irritante quando pegam um erro de digitação para condenar um autor ou uma editora. Pois está para ser inventado avanço tecnológico e revisor vigilante que evite o erro involuntário e acidental. Mas até um erro tipográfico é constrangedor quando dificulta o entendimento.

Euclides da Cunha (1866-1909) virou noites em 1902 para reparar 80 vacilos de impressão e de revisão nos 2 mil exemplares de Os Sertões (no total, 160 mil correções a canivete e tinta nanquim). Nada se compara, no entanto, ao deslize da livraria Garnier naquele mesmo ano, com a 2a edição de Poesias Completas, de Machado de Assis (1839-1908).

As obras da editora eram impressas na França. Na página VI do prefácio, o tipógrafo teve a infelicidade cósmica de trocar a letra e por um a do verbo “cegar” do trecho “a tal extremo lhe cegara o juízo...” Assim, no mais-que-perfeito do indicativo, o resultado foi uma cegada. Com a inicial, é claro.


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