quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A linguagem de Felipão


Felipão demitido do Chelsea por limite de linguagem. A tese já se firmou na mídia, alimentou releases de escolas de inglês e foi bancada por gente insuspeita, como Tostão (caderno Esporte, na Folha de S. Paulo de hoje, D3), e de quem, mesmo quando fala de outros parece justificar a si mesmo, como Vanderlei Luxemburgo (programa Bem Amigos, SporTV).

Tostão: "Felipão é um craque na conversa ao pé do ouvido, com o braço por cima do ombro do atleta, quando diz palavras carinhosas, técnicas e francas. Por causa da língua, certamente teve muitas dificuldades para fazer isso, mesmo que tenha sido um ótimo aluno de inglês. Além disso, conversa ao pé do ouvido não dever ser um hábito na Inglaterra".

Luxemburgo: "O problema do Felipão é a maneira de envolver os jogadores no projeto. Ele depende do idioma da maneira como ele passa. Ele fala inglês, mas não domina e fica na dependência de como os jogadores vão absorver o que ele diz"

Dá para tirar sarro da súbita consciência linguística dos formadores de opinião. Mas seria de todo modo arrogância considerar irrelevante o que eles dizem. A intimidade com um idioma, qualquer um, é incapaz de recompor a riqueza da "língua de chegada", e o que a comunicação cotidiana depende de interstícios, entrelinhas, olhares e gestos. Se Felipão foi vítima disso ou de sua particular combinação de acolhimento e truculência, só ele poderá dizer.

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