Usar a locução com gerúndio ("vou estar falando com meu chefe") vira um problema quando não queremos comunicar a idéia de eventos ou ações simultâneas, mas falar de ação pontual, em que a duração não é fator dominante.
“Vou falar” dá idéia de afirmação pontual, não de ação em curso.
“Vou estar falando” se refere a um futuro em andamento.
É no mínimo forçado usar uma forma verbal com valor de outra – falar de ação isolada, que se encerraria num ato, como se fosse contínua.
POR QUE O GERUNDISMO FICOU TÃO POPULAR
Ao adotar o gerúndio numa construção que não o pedia, a pessoa finge indicar uma ação futura com precisão, quando na verdade não o faz. Não quer dizer de forma direta que vai resolver uma questão ou definir uma data para fazê-lo. Mas não quer ser deselegante.
Ela se vê como parte de uma burocracia, não tem o poder de decidir. Quem usa intui que ela é ótima quando não se quer comprometer com alguém e ao mesmo tampo parecer mal-educado.
COMO EVITAR O GERUNDISMO
Com a locução com gerúndio, qualquer um evita amarrar compromisso.
Por isso, por trás da aparente natureza sintática, o fenômeno tem implicações semânticas e pragmáticas – seu sentido diz algo sobre a própria cultura brasileira.
Só se evita gerundismo aprofundando o diálogo. Não deixando dúvida sobre o que dizemos e o que nos dizem.
A superficialidade não está em usá-lo, mas em aceitar respostas imprecisas.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
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gostei muito parabéns....
ResponderExcluirótimo, bem explicado!
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