O ministro da Justiça, Tarso Genro, paga caro por usar a terminologia gerencial. O El Pais noticiou que, para Genro, a ministra Dilma Rousseff tem Lula como "o grande obstáculo" à candidatura presidencial dela em 2010.
Hoje, Genro envia desmentido a deus e o mundo: Dilma tem Lula como handicap, ou seja, uma "vantagem". Handicap, diz o Michaelis, é a vantagem dada a rival mais fraco, ou também a desvantagem imposta a um competidor mais forte. Tudo para equilibrar o jogo.
O ministro acreditou que todo mundo saca o inglês corporativo brasileiro. O mesmo engano de usar, em qualquer contexto, o termo outdoor, que só no Brasil designa painéis publicitários ao ar livre. Nos EUA e na Inglaterra, outdoor é toda atividade realizada ao ar livre (o que inclui nadar em piscina não coberta). Já billboard é o quadro de anúncios de rua, que São Paulo, por exemplo, já aboliu.
Nossa linguagem corporativa tende a sinalizar a fórceps que está antenada à matriz. Termos como handicap viram, assim, signo de distinção. Mas o jornal espanhol entendeu o significado dos dicionários: no primeiro sentido (vantagem ao mais fraco) ou no segundo (desvantagem imposta ao forte), boa coisa não quis insinuar o ministro ao dizer que Dilma tem Lula como handicap. Ou seja, sendo afinal "fraca", ela precisa de uma "mãozinha" para decolar e Lula, ao lhe fazer sombra, só pode ser um "obstáculo", um "peso". Para os espanhóis, faz todo o sentido.
Ou será ato falho?
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
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